Jorge Jaime de Souza Mendes
Um homem muito à frente de seu tempo
Escritor, romancista, contista, dramaturgo, poeta,
ensaísta, pesquisador, professor, jornalista, bacharel em direito, ator,
bailarino, pintor e filósofo.
Jorge Jaime de Souza Mendes,
apresentação panorâmica de sua vida, obra e contribuição para a história de
Itatiaia. Patrono da cadeira n° 38 desta tão importante Academia.
Pesquisa apresentada como requisito para
a obtenção do título de Acadêmico, pela Academia Itatiaiense de História –
ACIDHIS.
Defesa 21/03/2015
Thiago Henrique
Ferreira
Itatiaia
Outono – 2015
Figura 1 – JORGE JAIME DE SOUZA MENDES - 2009 |
À
Odail, viúva do professor Jorge
Jaime e amiga.
Agradecimentos
Deus,
Academia Itatiaiense de História,
Minha família,
Meus amigos,
Jorge Jaime de Souza Mendes,
Odail Ferreira de Souza Mendes,
Rafael JSF,
Eliane BdA,
Ednamara MGK,
Lilian PdSF,
Igold K,
Izabel CRdAC,
Marcos CdB.
“Dom
Tomás Graf, no seu livrinho clássico sobre o espírito beneditino, nos diz que
esse espirito caracteriza-se por duas notas fundamentais – comunidade e
objetividade. Quem mais beneditino a tal respeito do que o nosso Jorge Jaime?
Um puro beneditino... Pela rigorosa objetividade e também pela incrível
paciência. (...) Jorge Jaime, prestativo servidor da verdade.”
Antonio Carlos Villaça (1)
Resumo
O
Cidadão Itatiaiense e membro efetivo da ACIDHIS (2), Jorge Jaime de Souza Mendes é natural do Rio de Janeiro,
filho de João de Souza Mendes Junior (3)
e Jurema Maciel da Rocha, nasceu no dia 23 de maio de 1925, casado com Odail
Ferreira de Souza Mendes, foi escritor, romancista, contista,
dramaturgo, poeta, ensaísta, pesquisador, professor, jornalista, bacharel em
direito, ator, bailarino do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, pintor e
filósofo – Sendo um dos quarenta fundadores da Academia Brasileira de Filosofia,
na cadeira Carlos Campos (4) (5) de número 22 (6) e foi o primeiro presidente desta
instituição (7), e escreveu a importantíssima obra História da Filosofia no Brasil em
quatro volumes, além de diversos outros livros.
Em
Itatiaia lecionou filosofia no Colégio Reinaldo Maia Souto; Deu aulas de teatro
para Companhia de Teatro Aquaryus, no Teatro Municipal Oswaldo Motta; Elaborou
dois estudos sobre a implantação do Museu de Itatiaia; Participou de diversas
exposições de artes plásticas nesse e em outros municípios; Assinou diversas
colunas falando sobre a cultura e política em jornais como “O Itatiaia” – com certeza marcou seu
nome nesse município, enriqueceu a cultura e história desse lugar e se tornou
uma personalidade ímpar de Itatiaia, onde firmou residência e viveu mais de 15
anos de sua vida até seu falecimento em 2013, e em 2015 tornou-se patrono da
cadeira N° 38 da Academia Itatiaiense e História - ACIDHIS.
Palavras-chave: Jorge
Jaime; História; ACIDHIS; Filosofia; Itatiaia.
Jorge Jaime de Souza Mendes
A
Enciclopédia Delta-Larousse assinala o nome de “João de Souza Mendes[1],
enxadrista brasileiro (Açores, 1892 – Rio de Janeiro, 1969) – Formado em
Medicina; Chegou ao Brasil ainda criança e naturalizou-se brasileiro. Foi
médico sanitarista do Instituto Oswaldo Cruz, otorrinolaringologista e
introdutor da cirurgia plástica regenerativa facial no Brasil. Fazia as
cirurgias nas pessoas feridas em acidentadas. Foi sete vezes campeão brasileiro
de xadrez (1925, 1928, 1929, 1930, 1943, 1954 e 1958)” teve sete filhos: João
José de Souza Mendes, Júlio Jacob de Souza Mendes, Jorge Jaime de Souza Mendes, Julieta Josefina de Souza Mendes, Yara
Pia Converso, Liana d'Urso de Souza Mendes e Mário d'Urso de Souza Mendes e ainda
no 1º casamento, com Jurema Maciel da Rocha adotou dois outros filhos, Walter e
Jureminha.
Figura 2 - Jorge Jaime (Com short e camisa brancos), com seus pais e irmãos. |
Figura 3- Formatura do Ginásio |
Jorge Jaime
nasceu na Cidade do Rio de Janeiro aos 23 de maio de 1925. Iniciou os estudos
do curso ginasial no Licée Français –
hoje Liceu Franco-Brasileiro, terminando os estudos no antigo Ginásio Vera
Cruz. O curso vestibular foi feito no Colégio Andrews; Ingressou, em 1944, na
Faculdade Nacional de Direito, colando grau aos 22 de dezembro de 1948, com 23
anos, tendo sido o mais novo advogado de sua turma, Bacharel em Ciências
Jurídicas e Sociais.
Figura 4 - Formatura na Faculdade de Filosofia |
Durante esses estudos, demostrou forte vocação para a Filosofia, ingressando, como aluno de matérias isoladas de filosofia e psicologia na Faculdade Nacional de Filosofia, onde teve a oportunidade de estudar com o Padre Pino e Álvaro Vieira Pinto[1]. Por imposição da Lei de ensino, era vedada a matrícula simultânea em duas seções universitárias da Universidade do Brasil e por esse motivo resolveu terminar o curso de Filosofia na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade do Distrito Federal[2]’[3], onde pode instruir-se com outros renomados professores, como Júlio Barata[4], recebendo o título de Licenciatura e Bacharelado em Filosofia em 1955.
[1] Que posteriormente serão
analisados por Jorge Jaime em seu livro “História da Filosofia no Brasil”.
[2] Na época a cidade do Rio de
Janeiro - http://goo.gl/3aF2OV
[3]
Atual UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
[4] Foi ministro do Trabalho e Previdência Social no
governo Emílio Garrastazu Médici, de 30 de outubro de 1969 a 15 de março de
1974.
Figura 5 - Diploma da Faculdade de Direito |
Figura 6 - Diploma da Faculdade de Filosofia |
Ainda em 1945,
matriculou-se em doutorado de Direito Penal na UFRJ, mas frequentou apenas
alguns meses esse curso.
Jorge Jaime
então se empenhou em diversos cursos avulsos de arte, dança, canto, teatro,
entre outros. Em 1951, ainda aluno do curso de filosofia, foi aluno escolhido de
Yuco Lindberg para estudar na Escola
de Danças Clássicas do Teatro Municipal do Rio, Jorge dizia que “... tinha que
ser aluno dele (Yuco) para se tornar bailarino brasileiro, se ele te escolhesse,
não podia se negar (...) ele escolhia bailarinos de todo o Brasil a dedo (...)
ele nos ensinava a voar...” com isso, rapidamente foi contratado[1] pelo Distrito Federal[2] como
bailarino efetivo do Municipal, onde apresentou-se em diversos espetáculos, assinando
como “Jorge Jayme”.
Figura 7 - Jorge Jaime com o figurino de uma de suas apresentações no Teatro Municipal do Rio de Janeiro |
Figura 8.1 - Jorge Jaime com figurinos |
Figura 8.2 - Jorge Jaime com figurinos |
Figura 9 - Programa do Teatro Municipal do Rio de Janeiro de 1949. |
Com essas
especialidades foi convidado a fazer parte do corpo docente na Escola de Teatro
Martins Pena[1],
mantida pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, onde lecionou por cerca de
vinte e três anos na cadeira titular de psicologia com as matérias de
Psicologia Aplicada ao Teatro, Expressão Corporal, Interpretação e
Improvisação.
Jorge
Jaime também foi candidato a Deputado Estadual.
Figura 10 - Santinho de campanha
|
Formado,
dedicou-se ao magistério, em especial ao ensino técnico; Foi diretor da Escola
Técnica Rezende-Rammell; convidado pelo prefeito da cidade de Volta Redonda,
Sávio Gama, foi diretor da maior escola do município - Escola Municipal Getúlio
Vargas.
Foi professor no Instituto
Sousa-Lino; Diretor e dono do Instituto Jurema Rocha (Tijuca / RJ); foi Diretor
do Ensino Primário do Estado da Guanabara – Secretaria de Educação e Cultura –
Departamento de Educação Primária; lecionou na Escola Técnica Pandiá Calógeras
de Volta Redonda/RJ; na cidade do Rio de Janeiro também deu aulas na Escola
Municipal Prefeito Mendes de Carvalho; foi professor de filosofia no Colégio
Reinaldo Maia Souto de Itatiaia/RJ; obteve o segundo lugar no concurso público
para lecionar no tradicional Colégio Pedro II. Também obteve o registro no MEC
como professor de: Filosofia, Sociologia, Psicologia, História Geral e do
Brasil, História Universal, Estudos Sociais, Psicologia das Relações Humanas,
entre outras...
Figura 11- Jorge Jaime com sua esposa Odail Ferreira |
Casou com Odail
Ferreira de Souza Mendes, com a qual criaram uma filha. Odail esteve ao lado de
Jorge durante toda sua vida.
Figura 13 – Na placa do autorretrato - Jorge Jaime de Souza Mendes - Fundador e Primeiro Presidente 1989 - 1992 da Academia Brasileira de Filosofia. |
Fundou e
consolidou em 1989 a Academia Brasileira de Filosofia.
“...Fundada em 1989, ela teve
como motivo principal a reunião de grandes nomes da inteligência filosófica
brasileira, dentro dos limites de quarenta nomes segundo o estatuto da
instituição à época, destinados a honrar o pensamento brasileiro. Liderada a
iniciativa por Jorge Jaime, seu
primeiro presidente, ela formou-se a partir do núcleo duro formado pela
cativante personalidade de Antonio Paim que reuniu em torno dele as principais
cabeças voltadas para a afirmação da cultura brasileira como instrumento
humanístico da formação de uma Civilização Brasileira.” (7)
Além de membro
efetivo e fundador da Academia, a mesma lhe outorgou após os quatro anos de sua
presidência (1989 – 1992) o título de ‘Presidente Perpétuo Honorário’, em
virtude de ter sido o idealizador deste sodalício.
Recebeu o Prêmio
Farias Brito da Associação Artística e Cultural do Rio de Janeiro, por sua obra
– Introdução à Filosofia Realista-Problemática, das mãos de Austregésilo de
Athaíde[1].
Praticou jornalismo
colaborando na ‘Revista Carioca’,
assinando a seção de Idéias e do
matutino ‘O Popular’[2],
assinou a seção Livros. Foi
secretário da revista ‘Coração’, onde
publicou alguns artigos, escreveu para a revista ‘Rio’, na revista estudantil de Volta Redonda, ‘Movimento Cultural’, publicou um estudo sobre “Fedro”; assinava a seção Artes
& Livros do jornal ‘Jornal da
Cidade’, e a seção Comentando e
Criticando do Jornal ‘Correio
Fluminense’, com diversos artigos para o jornal ‘O Itatiaia’, aproximadamente cem artigos publicados no jornal ‘Tribuna da Imprensa’, também publicou
artigos no ‘Jornal do comercio’, na
Revista de Direito ‘Doutrina e
Jurisprudência’ – do Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro, ‘Vivamerica’, ‘Tribuna dos Municípios’, ‘A
Voz da Cidade’ ‘A Noite’, além de estudar jornalismo em um curso oferecido
pelo extinto ‘Diário de Notícias’; por
mais, tantos outros artigos publicados em revistas especializadas de filosofia.
No foto, um artigo do
professor publicado no jornal “O Itatiaia” sobre o Teatro em Itatiaia.
[1]
Antigo presidente da Academia Brasileira de Letras.
[2]
Que ara uma espécie de “O Dia” da época – de propriedade do Senador Velasco.
[1]
Jorge Jaime fala no artigo sobre a cultura em Itatiaia e sobre o jovem e
promissor artista de Itatiaia Rafael Ferreira (atualmente assina Rafael
Fioratto – Acadêmico da ACIDHIS), sobre seu trabalho com a Cia de Teatro
Aquaryus - um grupo de teatro que iniciava seus trabalhos - e empatia com os
jovens atores.
|
Obras
Literárias
Figura 15 - Alguns livros publicados
|
Jorge Jaime
dividia o que escreveu em duas partes, os livros “Bobagens de Infância” e os
livros “Filosóficos”.
Os livros de
filosofia compreendem as Obras Filosóficas, em quatro
volumes, contendo dez trabalhos, independentes entre si:
Volume
I:
·
Simultaneidade e Presença.
·
O Ser, o Existir e o Afirmar.
Volume II:
·
Ensaio de Axiologia Realista-Problemática
·
Noções de Moral Realista-Problemática
·
Um Novo Banquete
Volume III:
·
Fragmentos Filosóficos
·
Anunciação de Emanuel
·
Curso de Filosofia Realista-Problemática
Volume IV:
·
Uma análise Realista-Problemática dos Absolutos
·
Introdução à Filosofia Realista-Problemática
Ao todo perfazem
um mil, trezentas e oitenta páginas filosóficas que procuram assumir uma
atitude de originalidade na criação de uma sistemática estruturalista que Jorge
Jaime denominou de Realismo-Problemático.
Além desses,
diversos outros livros também foram publicados e registrados na Biblioteca
Nacional:
·
HISTÓRIA DA
FILOSOFIA NO BRASIL – EM QUATRO
VOLUMES – 1.931 PÁGINAS – EDITORAS EM CO-EDIÇÃO: VOZES E FACULDADES SALESIANAS
– PETRÓPOLIS E SÃO PAULO – A PARTIR DE 1998.[1]
·
Deus, como
entendê-lo? – 194 páginas –
Editora Fábrica de Livros – RJ – 2003.
·
Ser e Valor – 630 páginas – Editora Fábrica de Livros – RJ –
2001.
·
Temas
Filosóficos – 322 páginas –
Editora Fábrica de Livros – RJ – 2003.
·
Cartas
Filosóficas – 152 páginas –
Editora EUL – Londrina – 1999 (Autores: Jorge Jaime e Drª Marta Nolding)
·
Meditações
metafísicas, sobre as essências e as existências – 130 páginas – Editora Fábrica de Livros – RJ –
2006.
·
Nem tudo
é relativo. – 269 páginas – São Paulo; Letras e Letras, 2000.
Também foram
feitas três publicações pela Academia brasileira de Filosofia:
·
O Pensamento do Acadêmico Luiz Sergio Coelho de
Sampaio– Conheçamo-nos uns aos outros, N° 1, Academia
Brasileira de Filosofia, 1990.
·
O Pensamento do Acadêmico Almir de Andrade –
Conheçamo-nos uns aos outros, N° 2, Academia Brasileira de
Filosofia, 1991.
·
O Pensamento do Acadêmico Gerd Bornheim.
– Conheçamo-nos uns aos outros, N° 3, Academia
Brasileira de Filosofia, 1991.
Na outra linha
“Bobagens da Infância” encontram-se os livros que não se encaixam na vertente
anterior: “Homossexualismo Masculino[2]” –
um estudo médico-legal, incentivado pelo seu professor Hélio Gomes.
“Ternura”,
“Monstro que Chora[3]”, “Poemas da Fome”,
“Romance de Dois Milhões” e como ele diria “– Todos com pretensões literárias
e, em nada, filosóficas...(?)”
Outras obras
publicadas: Amor e Guerra (Romance -
1999): Romance com parte da história ambientada em Itatiaia, onde conta que
Hitler teria se hospedado no antigo hotel Tyll[4], no centro da cidade.
Cinco Peças Teatrais (Dramaturgia -
2003), Alguns Contos (Contos -
2004), Anoitecer de uma Ilusão (Romance
- s/d), Cânticos ao Sempre Amado (Prosa
e Poesia - 2004), Malhado e outras
histórias (Contos infantis – 2001),
Versos no correr de uma vida (Versos – 2001), Moderno Dicionário de sinônimos, antônimos, coletivos e correlatos (Dicionário
em três volumes – 1970).
Além
de diversos manuscritos e livros com tiragem individual.
Jorge Jaime
também foi estudado e seu pensamento e obra foram divulgados em diversos meios,
sendo estes alguns deles:
·
ANDRADE, Almir de. O pensamento do
Acadêmico Jorge Jaime de Souza Mendes. Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Filosofia, 1991. 68 p. (Conheçamo-nos uns aos outros,
4).
·
JORGE
Jaime narra a trajetória da Filosofia no Brasil. O GLOBO,
Rio de Janeiro, jan. 1998.
·
VILLAÇA, Antonio Carlos. Como Prefácio: Jorge Jaime e a paciência beneditina.
In: JAIME, Jorge. HISTORIA DA FILOSOFIA NO BRASIL.
São Paulo: Faculdades Salesianas; Petrópolis: Vozes, 1997. p. 17-18.
·
Tijucano
comanda solenidade na ABF. O GLOBO, Rio de Janeiro, 29 out. 1991.
Em 2009 foi candidato ao prêmio
NOBEL de literatura.
Amigos
Jorge
Jaime contou durante as gravações do documentário com o Grupo Aquaryus que foi
contemporâneo de Portinari e pode acompanhar de perto a pintura dos painéis
Guerra e Paz; Foi também amigo íntimo de Luz Del Fuego, Jorge conta em sua
entrevista, que ficou amigo da artista quando ela, foragida do hospício, ficou
na casa de seu amigo e vizinho de apartamento em Copacabana; Jorge frequentou a
Ilha do Sol, onde a dançarina reunia seus amigos no primeiro reduto naturista
da América Latina, que ela era dona, e onde foi estabelecido também o Clube
Naturalista Brasileiro. (8)
Obras
Plásticas
Além
de toda sua capacidade intelectual para as letras, Jorge Jaime também foi
reconhecido por seu trabalho como artista plástico. Tanto que a revista de
circulação nacional ‘Brasília’ em 1995, publica um artigo intitulado “Um Grande
Pintor Realista” assinado pelo escritor E. Victor Visconti:
“(...)
Ilustre professor universitário, ele não deixa de dar a sua pintura todas as
qualidades que dominam uma arte verdadeira, sem aceitar imposições duma técnica
sediça, mas fazendo valer, no seu realismo, o vigor duma forma rica de
expressão, com muita cor, luz e movimento, marcante influência do
impressionismo que deu o que de melhor temos na arte de nossos dias.
Com
seus quadros, Jorge Jayme (Jorge Jaime) vem conquistando triunfalmente o
mercado de arte americana.” (9)
[1] Em
comunicação da Editora ‘Vozes’ a HISTÓRIA DA FILOSOFIA NO BRASIL, Vol. II
Alcançou o 5°
lugar em vendas no Ranking dos livros mais vendidos na Área Cultural de 1999.
Sendo uma de suas mais importantes obras. - A coleção expõe, em detalhes
biobibliográficos, as correntes e os pensadores de filosofia na História
brasileira. Do Padre Antonio Vieira aos pensadores atuais.
[2]
Em duas edições no Rio de Janeiro
[3]
Obra de ficção que ousava já na capa, na qual um rapaz aparece ajoelhado aos
pés de outro. Um romance sobre um tema ainda hoje tabu, a homossexualidade.
[4]
Artigo na edição 51 de dez de 2000 da revista Rolling Stone sobre a presença de
Hitler no hotel Tyll, outra fonte da história que Jorge ambientou em seu livro
http://goo.gl/H7JBCU
Figura 16 - Artigo sobre a pintura de Jorge Jaime na Revista
Brasília
|
Jorge
participou de várias exposições, entre elas em Resende – na Casa da Cultura
Macedo Miranda, na Exposição “Coletiva de Maio” em 1996. No Rio de Janeiro, na
Cinelândia, participou do VI Salão de Artes Plásticas, da Associação dos
Diplomatas da Escola Superior de Guerra – Clube Militar, também do 5° Salão
Professor Oswaldo Teixeira, em 1994, na Sociedade de Belas Arte, no Centro do
Rio de Janeiro; Realizou uma exposição individual intitulada “Homo
erectus” na Casa Histórica de Osório, no
Centro do Rio; Na região participou da exposição de artes pelo aniversário do
Círculo Militar das Agulhas Negras e da Exposição de Artistas Plásticos de
Itatiaia, no Penedo Shopping em 1999; Em Itatiaia participou das exposições
coletivas no aniversário de emancipação de Itatiaia nos anos 2000, 2001, 2002 e
2003; Em 2013, com curadoria do artista Rafael Fioratto e minha, em parceria
com o MAM (Museu de Arte Moderna) de Resende, convidamos o Sr. Jorge Jaime para
a exposição coletiva “Nós de Itatiaia”.
Figura 17- Convite da Exposição "Nós de Itatiaia" no
MAM - Resende
|
Figura 18 - Quadro - "Girassóis" – Óleo s/ tela 2006
|
Figura 19 – Quadro – “S/T” - Óleo s/ tela - 1997 |
Figura 20 - Quadro "Paixão" - Óleo s/ tela - 1998
|
Figura 21 - Foto Jorge Jaime com figurino - "Índio" |
Figura 22 - Quadro - Autorretrato "Índio" |
Jorge
Jaime também defendia nas artes, a representação e apresentação do “Nu
Masculino”.
“O que me levou
as ânsias de pintor: “– Séculos antes de Cristo em Pompéia era comuníssimo
botar nas paredes mulheres nuas, eu em pleno séc. XXI parei e disse assim: “–
Por que os pintores não pintam nus de homens?”, “Ah por que é feio! Já viu
homem Nu?” Eu disse: “– Já, sim! E estou pintando vários para figura-los nas
minhas apresentações!” Porque eu quero que seja possível que apresente-se nos
desfiles homens nus. Nas minha exibições (exposições) era comum passar um toalha
assim (tampando o sexo nos quadros), me deformando (o quadro); O quê que eu
queria mesmo era o Nu dos homens Nus. E fiz e consegui mostrar muitos nas
sessões (exposições) a nudez humana, ninguém viu nada feio, nada
desproporcional, achavam que as vezes era desproporcional, eu mostrava nós
originais as medidas, tudo existente. Nunca invitei nada. Porque artisticamente
eu sempre fui realista, eu sempre quis a realidade. Posso trazer os nus? ...”
Jorge Jaime (10)
Figura 23 - Nus masculinos - Óleo s/ tela - 46x61 cm |
Figura 24 - Adão e Eva - Óleo s/ tela. |
Figura 24.1 - Índio dando banho na filha num rio - Óleo s/ tela. |
Figura 24.2 - Paixão II - Óleo s/ tela. |
Jorge
Jaime, fez um estudo para a pintura de um painel na Igreja Católica de seu
bairro em Itatiaia, porém ouve uma briga entre ele e o padre responsável pela
paróquia, Jorge queria um painel com a representação do Cristo nu, fato não
aceito pelo pároco, que convidou outro artista, amigo de Jorge, para pinta-lo.
Itatiaia
Jorge Jaime foi
criado no Rio de Janeiro onde tinha uma casa no bairro da Tijuca[1],
mas foi em Itatiaia que resolveu viver. Na foto vemos a fachada da casa do
professor Jorge, onde morou por mais de quinze anos, com sua esposa no bairro
Jardim Itatiaia (Merisa).
Jorge Jaime foi
tão apaixonado por Itatiaia que a eternizou em seus poemas, suas obras.[2]
Figura 25 - Fachada da casa onde morou em Itatiaia
|
Em
Itatiaia Jorge Jaime foi contratado como Professor I da Secretaria Municipal de Educação e Cultura da Prefeitura Municipal
de Itatiaia em 1999, com matricula n° 6893, além das aulas de filosofia, o
professor elaborou dois minuciosos relatórios para a implantação de um sonho o
“MUSEU MUNICIPAL DE ITATIAIA”. No relatório I protocolado na prefeitura com o número
1691/99 de 13/04/1999, ele propõe todo o regimento interno para o Museu, já no
relatório II Jorge Jaime, faz um documento histórico com “... matérias
informativas sobre o histórico do município[1],
de suas atividades políticas e dos seus recursos em artes plásticas... Foram
feitas entrevistas, nesse sentido, levantamento das possibilidades do acervo a
fazer parte do MUSEU, enfim, a reunião de muito que se encontra espalhado na
memória dos representantes que participaram efetivamente da construção material
e social da municipalidade...”[2].
Só com esse estudo, Jorge Jaime já se encontra em comunhão com as ideias da
ACIDHIS, porém ele fez muito mais, como já notamos até aqui.
Como morador de
Itatiaia Jorge Jaime se mostrou interessado na cultura local, incentivando e
atuando como professor voluntário de teatro no Grupo Aquaryus.
Jorge
Jaime foi professor de teatro voluntário em 1999. Após assistir uma peça de
teatro realizada por um grupo de jovens, esperou a peça terminar e ofereceu
seus conhecimentos. As aulas aconteciam aos sábados pela manhã no Teatro
Municipal de Itatiaia. Além de incentivar com aulas e leitura de textos ele
escreve um artigo no jornal local e explica “Como Nasce o Teatro”.
Sempre
comparecia nos eventos do grupo acompanhado de sua senhora. Em entrevista com o
diretor do grupo Aquaryus, Rafael Fioratto relata momentos importantes.
“O professor era entusiasmado com
a possibilidade do grupo desenvolver e conquistar qualidade como nos tempos do
Municipal do Rio. Ele havia vivido esse tempo áureo e estava empenhado em fazer
de nós grandes estrelas do palco. O problema é que muitos integrantes do grupo
era menor de doze anos e as crianças não seguiam as ideias dele. Certa vez ele
colocou todo mundo no palco e começou a pedir interpretações dando deixas e
ordens. Aos poucos ele foi apontando cada um e falando os defeitos que existia
na interpretação. “Você é macaca velha nos palcos” dizia para uma menina de dez
anos. Para uma outra de dezessete anos ele disse que era “canastrona” e que
tinha dó da professora dela na escola, pois era dissimulada. Aos poucos as
crianças começaram a sumir das aulas. Uma vez ele caiu quando atravessava a Via
Dutra vindo para as aulas. Chegou com o rosto sangrando, mas não faltou ao
compromisso. Pediu que cada um levasse um espelho pequeno e decorasse posições
do rosto, era tudo muito mecânico naquela aula específica e ninguém conseguiu
fazer o que era pedido. Insistia em ensinar a ‘voz do peito” para interpretar o
sofrimento. Era uma figura muito simples e mesmo com suas críticas pessoais e
diretas, era muito querido por todos.” Rafael Fioratto (11)
Jorge
Jaime adotou o Grupo Aquaryus como seu grupo de teatro e aos poucos se
aproximou do diretor da equipe e começou a ensaiar uma peça de sua autoria “A
Solidão do Viúvo”. A peça nunca foi apresentada, mas foi ensaiada por algumas
semanas em sua casa, tendo como o ator do monólogo o próprio Rafael. Seu último
contato com os amigos do teatro foi durante as comemorações dos doze anos do
teatro Aquaryus, onde Jorge foi chamado ao palco e teve sua colaboração e
amizade reconhecida. Ele pegou o microfone, agradeceu, falou sobre teatro,
sobre a vida e nos ensinou sobre a voz de quem sofre, pela última vez como
fazia a “voz do peito”.
Figura 26 - Jorge Jaime ergue o estandarte da Aquaryus durante a solenidade dos 12 anos da Cia. – 2011. |
Em
29 de maio de 2000, recebeu da Câmara Municipal de Itatiaia, na resolução 280,
o ‘Título de Cidadão Itatiaiense’, e no ano seguinte a ‘Moção de Aplausos’, no
dia do professor “... pelo brilhante trabalho que vem desenvolvendo em prol do engrandecimento
cultural e educacional do Município de Itatiaia – RJ, 18/10/2001...”
Figura 27 - Título de Cidadão Itatiaiense
Em
2002, nós 10 anos da Academia Itatiaiense de História, Jorge Jaime aparece como
Membro Efetivo desta instituição[1].
Em 2009 concedeu diversas entrevistas, junto com sua esposa, para o Grupo Cultural Aquaryus – grupo formado por mim, pela jornalista Gabriela Ferreira, e o professor e artista plástico Rafael Fioratto
|
Jorge
Jaime, foi catalogado pelo Mapa de Cultura do Estado do Rio de Janeiro como um
dos representantes que agregam valor município de Itatiaia:
http://mapadecultura.rj.gov.br/manchete/jorge-jaime
17
DE AGOSTO DE 2013
O corpo do
fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Filosofia, Jorge Jaime
de Souza Mendes, que morava em Itatiaia, RJ, há pelo menos 15
anos, foi velado na Capela Mortuária de Itatiaia no sábado (17) e enterrado no
domingo (18), no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Ele tinha 88
anos e morreu no sábado (17) de falência de múltiplos órgãos, no Hospital da Unimed,
em Resende, RJ.[1]
Patrono da ACIDHIS
Em
2014, fui convidado, após alguns anos como membro dessa instituição, a me
tornar Acadêmico, para tanto, Jorge Jaime de Souza Mendes foi apresentado a
Academia Itatiaiense de História – ACIDHIS como candidato a patrono da cadeira
vacante N° 38 por mim - Professor Thiago Henrique Ferreira - após apresentar
para a diretoria dessa instituição sua importância para a história de Itatiaia
e do Brasil, fui aceito a defende-lo como Acadêmico, por tanto foi feito este
documento, que muito além de seu trabalho intelectual, apresenta tão respeitado
cidadão como PESSOA, e claro como escritor, romancista, contista, dramaturgo, poeta, ensaísta, pesquisador,
professor, jornalista, bacharel em direito, ator, bailarino, pintor e filósofo
e amigo.
Jorge, acredito eu, alcançou
algo muito além da vida da maioria dos mortais, tornou-se imortal também por
essa academia e para todos os que o conheceram, pois como ele mesmo dizia:
“– Eu não sou desse tempo, eu sou
muito além desse tempo”. JJ
Com certeza Jorge Jaime de Souza Mendes é um
gênio e de todos os tempos!
Figura 31 - Convite para a solenidade da ACIDHIS
Bibliografia
1. Villaça,
Antonio Carlos. Jorge Jaime e a paciência beneditina. [A. do livro] Jorge
Jaime de Souza Mendes. História da Filosofia no Brasil. Petrópolis :
Vozes, 1997, Vol. I.
2. Bento, Cel
Cláudio Moreira. 10º ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA ITATIAIENSE DE HISTÓRIA
(ACIDHIS). Genealogia Freire. [Online] [Citado em: 02 de Fevereiro de
2015.]
http://www.genealogiafreire.com.br/ef_patrono_academia_itatiaiense.htm.
3. João de Souza
Mendes Júnior. Wikipédia. [Online] [Citado em: 04 de Outubro de 2014.]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Souza_Mendes_J%C3%BAnior.
4. Centro de
Documentação do Pensamento Brasileiro. CAMPOS, Carlos Alvares da Silva. Centro
de Documentação do Pensamento Brasileiro. [Online] [Citado em: 02 de
Fevereiro de 2015.] http://www.cdpb.org.br/dic_bio_bibliografico_camposalvares.html.
5. Academia
Brasileira de Filosofia. Patronos. [Online] [Citado em: 02 de Fevereiro
de 2015.] http://www.filosofia.org.br/patrono.html.
6. —. MEMBROS
FUNDADORES. Academia Brasileira de Filosofia. [Online] [Citado em:
2015 de Fevereiro de 2015.] http://www.filosofia.org.br/mem.html.
7. —. Palavra do
Presidente. Academia Brasileira de Filosofia. [Online] [Citado em: 02
de Fevereiro de 2015.] http://www.filosofia.org.br/presidente.html.
8. Memória Viva.
A Ilha do Sol. Memória Viva. [Online] [Citado em: 05 de 02 de 2015.]
http://www.memoriaviva.com.br/luzdelfuego/ilha.htm.
9. Um Grande
Pintor Realista. Visconti, E. Victor. LXVIII, Brasília :
Brasília - revista de circulação nacional, 1995.
10. Mendes, Jorge
Jaime de Souza. Jorge Jaime de Souza Mendes - Notas Biográficas. Jorge
Jaime - Notas Biográficas. Itatiaia, 25 de 06 de 2009.
11. Fioratto,
Rafael. Experiência com a Cia de Teatro Aquaryus. 05 de Fevereiro
de 2015.
Imagens, fotos, documentos
e ilustrações: Acervo - Thiago Henrique Ferreira.
Anexos
Figura 32 - Anexo - Certidão de Nascimento
|
Figura 33 - Anexo - Certidão de Casamento |
Figura 34 - Anexo -Contrato como Bailarino. * 6 |
Figura 35 - Anexo - Termo de Posse como Prof. na Prefeitura de
Itatiaia
|
Figura 36 - Anexo - Apartamento do Rio de Janeiro - Rua Marques de Valença, Tijuca |
Figura 37 - Professor Jorge Jaime e eu (Thiago Ferreira), durante as gravações do documentário. |
Figura 38 - Documentário - Jorge Jaime e o artista plástico - prof. Rafael Fioratto |
Figura 39 - Documentário - Jorge Jaime e a jornalista Gabriela Ferreira |
Figura 40 - Velório de Jorge Jaime na Capela Mortuária de Itatiaia |
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QUANDO ISMÁLIA DESCOBRIU
ITATIAIA...
Por Jorge Jaime
Quando Ismália pôs-se na torre a cantar,
os escravos que viajavam
no navio negreiro encontraram
Iracema morta aos pés da carnaúba...
E as vozes da África choravam
na terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá...
E, além, muito além daquela serra,
Ismália sofreu
porque via uma lua no céu
e via outra lua no mar,
e não sabia se seria um mal
subir, num foguete espacial,
para ver a lua do céu,
ou descer, num submarino,
para ver a lua do mar...
Quando, de todo, enlouqueceu,
tudo começou a rodar:
Ouviu do Ipiranga, às margens plácidas,
de um povo heroico, um brado retumbante,
gritando, triunfante:
- “Salve lindo, pendão da esperança!...”
E aquela gente acorrentada
aí ao Pará e parava,
tomava assaí e ficava...
E uma tola donzela, a Gabriela,
vendia cravo e canela e a todos
perguntava:
- O que é que a baiana tem?
O que é que a baiana tem?...
E a baiana já não tinha mais nada
porque haviam raspado a cabeça
do Caetano Veloso,
e o povo cauteloso
da cidade maravilhosa
cheia de encantos mil,
afirmava que já havia raiado
a Liberdade,
no horizonte do Brasil...
E, no sonho em que perdeu,
Ismália viu:
Num doido carnaval,
os negros virarem mulatos,
mordidos pelos ratos,
e o sangue que deles corria,
caía no guaraná e se transformava
em coca-cola...
E o jovem, na viola,
mudava o samba e a macumba,
o frevo e o bumba-meu-boi,
num ie-ie-iê americano...
E, durante todo um ano,
gente fumando maconha, enrolada em
cipós,
gritavam:
- “Liberdade, Liberdade, abre as asas
sobre nós...”
E a Liberdade, tranquila,
qual cisne branco que, em noites de lua,
flutuam no mar imenso,
sob o céu de anil,
abriu o bico, grasnando:
- “Ou fica a pátria livre,
ou morrer pelo Brasil”...
E Ismália nada mais viu:
Pôs-se na torre a cantar,
vendo uma lua no céu,
vendo outra no mar...
Foi quando a família de Ismália
resolveu se mudar
para aquele novo município,
onde Deus fez sua morada,
onde, num instante, foi curada
de toda sua atormentada loucura,
e, nos ares do Parque Nacional,
renasceu, em pleno carnaval,
no meio da fauna e da flora
daquele paraízo...
Voltou à vida e aos amores
e esquecia das dores,
não mais soube dos assaltos, crimes e
raptores
ou de gente dessa laia...
Seu Brasil virou Itatiaia...
E, quando sobe as montanhas,
para ver as pedras dos picos pontudos,
abre a voz, num doido exaltar
do hino, que aprendeu a amar:
- “No ar, no ar, no ar...”